30 agosto 2011

Um de nossos casos.


Era justamente como uma sinfonia que suava pelos poros, que mantinha a pele úmida, que tornava o torto belo e belo mais uma pequena palavra pra se falar da beleza. Justo era a calça que me deram, preço de injustiça, criança que chora no peito e morre no leito, e a sinfonia continuava a tocar, para agradar aos ouvidos que podiam, mas a verdade se punha em protesto, em forma de opressão, em infelicidade muitos. Tudo controverso, cheio de questões meio rabiscadas, a prova não alistava ninguém, ela não descia do prédio, a menina parou de dormir. O mundo continuava enquanto tu lamentavas-te de um pouco de ódio que nasceu em um peito já desgarrado pela dor de amar.

23 agosto 2011

Nasceu.

Ela nasceu em uma tarde chuvosa, o vento havia aparecido, eu já sorria e ela nasceu, sua mãe já sofria por sua espera incessante, toda a felicidade de um dia se deu por sua chegada, ela se fez luz em um lar, ela trouxe consigo a candura de uma criança, trouxe um monte de sorrisos, dispostos a lhes serem entregues, ela pôs corações a baterem tão fortes, que poderiam juntos causarem tremores no Japão, ela é menina de anjo, menina de pele branca e cabelos negros, menina do rio. Vem nos trazer um pouco de paz, um pouco de amor, nos faz aprender contigo. Nos faz sermos melhores.

21 agosto 2011

Don't sleep.

Sou o teu resto, teu resto é meu, somos restos, pedaços de pano jogados, no fundo de uma sala, no canto da escuridão, somos lágrimas secas, somos dor que retrai, somos fundo de quarto, fundo de ônibus, nosso amor tá no meio, na verdade, no fundo do coração, e todos esses versinhos de meias palavras já foram ditos por outra pessoa, mas o que torna original, é fato de nós sentirmos ele de uma forma completamente diferente, agora. No momento em que tudo se faz meio nosso e deixa de ser quando nos escapa pela válvula. O rock não combina nesse momento, mas ele nos serve de uma trilha desajustada, somos John Frusciante com depressão, somos Marcelo Camelo sem Mallu, somos esse pedaço de gente com direito a uma pedaço de terra. Tu tens umas bolsas, umas rasgadas, outras te suspentam, eu te tenho, e mesmo sendo o homem, tu me sustenta muito mais.

Na minha cama.

Talvez. É uma das palavras mais certas entre todas as outras. Eu fui no shopping te ver, fui na tua casa, feliz te dei meu ovomaltine, queria poder te fazer feliz, mas nessa noite, quando nós voltamos pra nossas casas, e nossos corações continuam em uma parada de ônibus, esperando que eu volte pra te esperar chegar, em mais uma dos maravilhosos dias que eu vivi do teu lado. Tu estais do meu lado lamentando-se por tanta coisa triste, que nos faz triste, lamentando-nos por não vivermos do mesmo lado, mas entenda, tente entender o que nem eu consigo, seu pé encosta o meu, teus olhos sumiram, tuas lágrimas, eu sinto cair.

11 agosto 2011

Até(e) nós.

Só disse isso pra te fazer entender o que está me incomodando no momento, queria minha vida sem tanto estudo, queria esvaziar um pouco do sangue, mas coagulou, mas ainda assim, queria ela com um pouco mais de ti, um pouco mais dos nossos sorrisos, que estão me deixando significamente mal, eu não falo, não te peço pra vir até mim, porque eu pensei que tu tivesses aprendido o caminho, aprendido a nos fazer feliz, no entando, tudo chegou um dia a parecer tão bom, tão inacabável, tão indestrutível, eu to bem, to bem, tenho tudo e o tempo passou.

07 agosto 2011

O céu me invade.

Nós, perto de um pé de abóbora, reservávamos o seu lugar, nós em cima de casa planejávamos prepará-la para a tua chegada, nós por ti esperávamos, queríamos poder te fazer feliz, queríamos poder te ter aqui por tanto tempo necessário pra nunca conseguirmos sentir a tua falta, queríamos comer o teu bolo contigo, queríamos poder te trazer pra perto de nós, queríamos ser uma família contigo, sendo tu, eu e ela. Nós planejámos ser feliz ao teu lado, eu queria tanto poder te defender das emboscadas da vida, queria poder te ensinar uns nós escoteiros, queria poder te mostrar umas músicas boas, querer tanto não te trás de volta, só um querer que continua te deixando aqui, o querer de ter perto por te amar tanto meu irmão.

03 agosto 2011

A dor de cada dia.

É banido, é contrabandiado, é possivelmente destruído a parte que nos recompensa de nossos direitos. É parte extraída, excluída e deslocada o que não convém, mas saibamos o que não convém é o gasto. A parte que nos sobra é o nada, então pra termos algo, trabalhamos, sonhamos e pisamos no chão pra saber do que acontece. Todo dia pessoas morrem, é normal, mas morte literalmente só deveria haver uma vez na vida, no final de cada vida, pra cada uma pessoa, morte é sinal de fim ou recomeço, mas hoje ela se torna uma palavra rotineira, que convive conosco todos os dias, em cima de cada dor.

01 agosto 2011

Chão e mente.

Eu queria morrer com fogo queimando as células, que tu dizias serem interessantes, tu não eras a melhor, nem a pior, tu estavas no pódio, tu eras prata e eu seria cremado. Nós moramos.

Pequenez.

Grandes caras adoram grandes mentes. Eu sou apenas mais um cara que gosta de mentes pequenas. Minhas mentes não sabem calcular, nem reagir, nem se tornar algo grande. Elas falam da banal crueldade de viver.

21 julho 2011

Ooh La

Me faz perder o controle, as gases, as atmosferas, as histórias de terror, a gravidade, a força gravitacional, a física e a química, a resistência do ar, o complexo metódico da natureza, a falta completa do concreto, a imaginação, a ponta de mar, a porta de Marte, os astros, os astros do universo, os astronautas, as criações, as crianças, voam os balões como baldes indo a Vênus, todas as constelações, toda a beleza, toda a forma de poder se ver, um telescópio, uma lupa, um livro, um planetário, uma estrela no céu ou atrás da cama.

Hei de um dia morar nas nuvens.

Dever de casa, devo fazer, devo morrer um dia, devo pra tanta gente, devo pagar, devo manter o equilíbrio, devo tentar superar, superar a noite de escuridão, superar a crise emocional, superar a dor que latejou a semana toda e lateja lantejoula, meu pé não tem mais suporte, o poste é feito de concreto, de concreto quero me fazer, pra nunca mais me quebrar de novo, de novo espero só da felicidade, de novo o resto não me importa, de novo pode aparecer se for aceitável, aceitável se for bom, de bom a vida não quer mais me dar nada e o nada sou eu que faço, faço triste os olhos da moça, faço dela morena, faço dela meu sonho e logo hei de acordar.

Desencontro.

Coisas de mim são do espelho teu, retrato que a borracha não apaga, tanto desamor, desilusão, gente que não vê o coração, busca pela razão e não acha comoção, gente que não vê mais sentido, gente que caminha por pedido, gente de tanta espécie, tanta cor e tanto erro, gente de boca suja, de palavra contada, gente que agrada, que transforma, que muda e ao normal volta, gente que briga por pouca coisa, gente que não tolera, gente que sofre e chora e também gente que ri agora, fútil é a vida que nos deram, fútil é o que fizemos com ela.

Hoje.

Crianças são feitas pra sofrer e morrer antes de descobrirem os males humanos, adolescentes são educados pra sofrer de amor, traficar e depois de alguns meses suicidar-se, adultos são feitos pra várias formas, alguns matam, outros estupram, alguns tentam ser bons, existem adultos que trabalham outros somente roubam o dinheiro alheio, existem os que desquitam-se do mundo, outros são pessoas amargas e obesas, muitos de nós, perdemos o coração, muitos de nós cometemos pecados diariamente, mas muitos de nós não ligam pra isso, esqueceram de Deus, muitos de nós morremos e fingimos viver, vamos as escolas e aos escritórios, somos zumbis, comemos carne, fedemos, somos porcos dividindo o mesmo chiqueiro, esquecemos nossos antigos valores já mutilados, perdemos a fé e nos perdemos no caminho até aqui.

Tamanha incerteza.

Tanto se foi, tantas palavras sumiram, tantos consolos cessaram, tanto maldizer, tanta gente se calou, tanto peso se perdeu, quantas gotas sofridas secaram, um tanto de mim apagou-se, tudo tão nublado ficou, a nuvem e a neblina pairam o ar, tenho certezas incertas e promessas a cumprir, tenho livros a entregar e um vinil a procurar, tenho que tirar o pé da água que se acumulou depois de tanto choro, tento pisar na pedra rochosa, tento tanto ainda te ter, mas não é possível tanto.

19 julho 2011

Vá colocar-se no buraco escuro.

Estive por perto de ti, precisando que me ajudasse, estive ao teu lado, te olhei e pedi socorro, precisei de ti naquela hora, meu peito tava cortado, meu pulso ameaçava estourar, estive a ponto de matar tudo de bom em mim, estive dentro de uma cápsula por tempos e agora ela veio a estourar, estive esperando que me ajudasse, mas se não foi da tua capacidade, não posso te julgar pela falta de capacidade em ajudar outras pessoas, mas não me faça querer morrer, não irei mais te ouvir, não por raiva ou mesquinhez, isso tudo só é fruto de uma falta de reciprocidade.

Culatra.

Foi-se pro lado de Pompéia, protestar sobre o clamor e o ardor do sol, completamente escuro incomodava-se com a tirania e fingia compreender o incompreensível pois era a maneira mais fácil de se perder em seus pensamentos, era lhe contando uma simples história que um grande alvoroço se reunia, uma pedra no sapato, uma mente sem lembranças, um rapaz sem cronômetro, uma moça sem coração, seus pés corriam e seu peito parava de pulsar.

12 julho 2011

Virar as costas, sorrir e ser feliz.

"Viver uma vida real", nada mais do que "olhar pro sol" feito todo mundo, queimar a pele "em Julho", "sorrir e brincar", "viver e aprender" como dizem, "sorrir na hora feliz e chorar na hora triste", "porque a vida acaba", eu creio que isso seja a mesma coisa do que dizer: "Esqueçamos os problemas, brinquemos com a dor e a perda, façamos de nossas vidas aparentes circos, circos que por baixo fazem fogo pra sobreviver, vamos escravizar as crianças que trabalham no México, nas fábricas de sapato pra sustentarem suas famílias, vamos esquecer das famílias aidéticas da Ásia, vamos esquecer da a vida do bêbado filho da puta que me pede dinheiro todo dia, vamos desprezar o seu passado, vamos lembrar somente de nós e da sorte que tivemos e então sorriremos para as fotos e diremos que o futuro é lindo e que somos seres humanos felizes e amados".

Lógica, somente a falta.

O que poderia eu viver primeiramente de belo e puro já não é mais possível, queria eu sentir a sede de ti novamente, por puro masoquismo, por puro desejo de amar, por medo de correr no escuro e tropeçar, acabar percebendo que ninguém mais à frente pode ficar ao meu lado e que quem esteve ao meu lado não pode voltar, tenho receio de saber odiar, tenho medo de mim em uma oportunidade de talvez me transformar, essas metamorfoses não aconteceriam com tanta intensidade se eu tivesse alguém pra amar.

Borboletas porcas.

A superação converteu-se em história infantil, as palavras rarefeitas foram banalizadas, as melhores pessoas sumiram em meio ao monte de gente, aos restos sobraram a inclusão que exclui a maioria, boas atitudes não merecem mérito, grandes assassinos tornam-se famosos, o governo existe e a miséria também, corpo escultural dura pouco, o que realmente dura é a beleza que nunca se acaba, que quase nunca se permite ver.

Gritar mais alto.

Todas as formas de continuar a caminhas foram impedidas, todas as formas de tentar-se aprender foram retiradas, todas as tentativas de tentar-se amar foram mortas, toda a esperança se fluiu nos rios de suas veias que quase estouravam o peito, todas os cortes não importavam, agora poderiam martelar os dedos daquele homem, tirarem-o o coração, arrancarem fio por fio ou todo o seu couro cabeludo, poderiam lhe pendurar a costa em um gancho e lhe arrastarem por uma estrada inteira, quase sem fim, mas nenhuma forma de grito poderia ser mais alto do que a sua alma.

O que não escolhemos ser.

Ela era calma feito sereno, seu nome era Serena, menina de pouca voz e de poucos pensamentos, nem lhe parecia bonito seu rosto, nem lhe parecia agradável sua altura, nem seu tom de pele, somente seus pés. Ele era confuso, mentido no mundo que lhe ofereceram, com pais separados, frágil logo engatou o pé no buraco de sua base e quando os pais resolviam brigar ele torcia imediatamente o pé. Ela era moça de respeito, nunca lhe fizeram mal, ele era sacrificado pelos anos de pé torcido, ela não via razão em viver e ele procurava alguma, ela um dia o conheceu em cima de um pedaço de terra, ele lhe ofereceu a mão sem muito apoio e ela gentilmente se encarregou de conhecer aquela boa alma e então foram se fundindo, depois de já passado algum tempo ela descobriu que sua alma logo partiria pra outro mundo, já com tamanha impossibilidade de viver e ele porém, ainda não havia desistido de procurar um pé pra viver, então ele lhe doou a alma e aceitou seu par de pés e então completaram-se, da forma que sobreviveram aos enroscos da vida.

10 julho 2011

Camuflagem


Preferi lhe dizer pouco tempo antes de descer, que somos como ônibus, não porque é uma palavra que não se consegue colocar no plural, e acho que riria, mas eu falei-lhe pra ecoar no interno se seu ouvido que somos os ônibus, aqueles as vezes que recebem passageiros, que recebem como forma de gratidão, alguns passageiros são tão estúpidos a ponto de subir pelo lugar por onde se desce, esses causam maiores destruições, e somos todos ônibus em constante movimento, precisamos ver que todas esses passageiros, por mais cuidadosos que sejam um dia podem ir embora, e então tu não podes parar de andar para esperar que esse passageiro volte, há algumas pessoas que só entram em uma linha de ônibus uma vez na vida, um linha que ficou em algumas linhas, escritas em algum lugar.

Milésimos de segundos e um cílio que se desprende ao outro.

Um tanto meu, meu amor feito de trouxas, que eu trouxe comigo, levei ao norte, me pus a deitar naquela cama quente, naquele suor umedecido, mas tudo feito de forma límpida, vim pra cá, trazendo o trago daqueles dias, vim aqui pra passar os dias ruins, esperando a cada tempo uma nova cadeira pra se sentar, fico aqui, por um tempo, esperando descer essa fumaça, esperando esse embalado parar, esperando tudo o que for ferida secar pra retornar a uma nova luta.

07 julho 2011

Lágrimas que voam.

Precisei um tanto de um pedaço de mão, de um pedaço de palavra, um reconforto que eu tanto buscava, pus-me a engolir o soluço, tudo se entupia, olho, nariz e boca, me fiz longe, meus pensamentos não existiam, tornou-se dor física, começou a tufar o peito e pareceu-me estourar aos poucos, pondo apressadamente calma fiz o papel de médico em mim, tentei por vezes tirar todos aqueles beijos que me faziam sofrer, tentei esquecer e partir pro lado em rumo a nova história, mas eu me peguei lendo aquela carta novamente só pra alimentar toda a dor que me tornou viciante depois que foste embora, mas eu ainda tinha tuas palavras escritas em um pedaço de papel.

03 julho 2011

Oh.

Todos nós estamos voltando pra casa nessa noite chuvosa, todos nós na inércia nos movimentando tentando buscar o caminho, procurando o consolo ou o milagre no meio do sangue, todos nós que rimos um dia de Deus em uma piada de bar e pedimos sua ajuda logo após, quando nos encontramos em uma grande enrascada, mas o sol pela manhã ameaça chegar novamente e ao raiar continuaremos na busca do caminho de volta pra casa.

29 junho 2011

No final do ponto final, a porta é o ponto.

Não, isso não importaria, porque quase nada mais importa, nem a porta que importa todas as outras portas aos nossos olhares, porque nunca terminam as portas que nos importam quebrar. Nem as portas que nos importam portar, todas elas entreabertas, de olhos fechados, eu não perco mais tempo tentando contar, as portas que eu tentei contar, não contam mais, nem os portões são feitos de aço, nem os porcos são feitos de carne e nem a carne se valoriza, então abre qualquer porta e vai, sem olhar pra trás em câmera lenta com um fundo desfocado e umas lágrimas pré derramadas, abre a porta e sai, porque a qualquer o momento o teto cai e o ponto final é finalmente usado, pra dizer que tudo se vai.

Gato preto.

A partir daqui, deixarei que cortem seus pulsos e sorriam de suas súbitas mortes, dolorosas e hilariantes, eu não exijo e nem desejo nada pra vocês com nomes desconhecidos, não chega a me importar a condição ou estado familiar, todos me fazem vomitar as dores em formas de palavras, todas tão formatáveis que poderiam passar cortando garganta afora, dores e cores que se escondem por trás da cortina não pedem mais ajuda, não pedem mais socorro, não estão mais a derradeira, comovem pela brutalidade das novas palavras e a realeza horrenda que impera, estão mais cruas e nuas, cheias de sangue, mas não se preocupe, elas não precisam de nada, nem de materiais higiênicos e nem de remédios, só de dor alheia doada.

Como conhercer tantos mundo em um só.

No nosso relacionamento a respeito desse mundo e a respeito de onde iremos quando "morremos", me pergunto se tal pergunta há cabimento, porque tal ciência crê que daqui a tempos estaremos todos em baixo da terra, e em um futuro distante outras pessoas ou ET's falem sobre a última civilização que viveu aqui, e dirão "Nossa, eles conseguiram chegar na lua e se acham por isso."

26 junho 2011

Troca de órgãos.

Era agilizada cada contusão, com pontadas agudas sem remediar esforços, era como perder a consciência em uma briga injusta e era exatamente isso, porém não haviam lutadores opostos de forma físicas, todos muito espertos, camuflados dentro da minha mente, criando uma grande barreira pra que eu não conseguisse me livrar, não conseguisse sair dos aposentos, eu conseguia locomover meu corpo para todos os lados, poderia ter todos os desejos e toda a liberdade de ir e vir, mas como sempre o costume anda a cair na história, lá estava ele mais uma vez, dizendo a mim e a milhões, que sempre há algo faltando, a falta de todas essas palavras sentimentais que compõem a dor da minha mente, afinal, coração já se aposentou. E se eu amarei daqui pra frente, será de mente, do fundo dela, assim talvez seja um amor mais brilhante, mais duradouro, ou fazendo melhor com a sensatez.

22 junho 2011

Cantar mais uma canção.

Na manhã que se punha no sol a queimar eu andava por um longo caminho, enquanto me queimava pele e pé, logo se chamaria tarde, mas até então, eu vinha caminhando como de costume, eu via pessoas agrupadas, eu via mulheres cheias de sacolas, até crianças brincando de lama e meninos gritando consecutivamente como em um coral: "Ovai!", que pra mim soava estranho, mas logo pensei ser uma gíria, uma dessas que eu me recordava la no fundo, que eu lembro de quando eu era criança.

18 junho 2011

Bem pra depois.

Ela costumava me perguntar pra quem era tudo isso, eu costuma lhe responder exatamente o que ela não esperava e quando ela me dizia "Isso não tem nada a ver comigo", eu me calava, ficava apenas ouvindo as suas reclamações, eu nunca disse, nunca falei uma palavra caso eu pudesse ofendê-la, mas hoje, ela se foi, eu estou aqui e a resposta me martela a cabeça, dizendo "Porque tu és a minha inspiração, pra tudo de bom que eu faça, para todas as histórias que eu construa e todas as palavras que eu diga." E eu costumo de me dizer que tu és tão burra quanto eu fui de te deixar ir embora, e então eu não falarei mais de mágica amorosa, não existe, a única coisa que existe, é tempo bom, tempo que acaba, tempo que passa, dia que se vai, e consequentemente, pessoas morrem por fora e por dentro.

17 junho 2011

Diretamente proporcional.

A tolerância nos levou ao caos,
A tolerância nos trouxe ao caos,
Juntamente com a ignorância.

Desalento.

Pensei eu em morar em um lugar transviado, pensei em viver em condições subumanas, pensei eu que via o que havia de pior, mas dei voltas e fui até o final da linha, onde os ônibus são como espectáculos, como artistas de circo que bambeiam sobre a corda, a corda feita de madeiras podres, e tudo aquilo parecia tão feio e tão destruidor, eu tinha pena dos olhares abatidos que ali se viam, das pessoas que pareciam terem perdido a alma, mas logo os ônibus sairiam daquele lugar e entrariam na parte da cidade que ninguém pede sinal, que ninguém usa ônibus, que ninguém sabe o que é realmente sofrer.

13 junho 2011

Rolos de imagem.

Acordei cedo, escovei meus dentes, abafei minha cabeça e fui conversar com as mulheres que viram o dia raiar e as pessoas partirem, algumas não voltam ao entardecer, ela fez de tudo, de tudo pra que o gato viesse ao seu encontro, mas o pequeno animal foi indefeso a atitude do homem, já a outra, que nos últimos momentos ajudou ao ponto máximo de sua bondade sofreu sozinha a dor da solidão, vi os sapatos na porta e as crianças que choravam e quando as letras subiram, eu só senti um aperto no fundo do peito, não no coração, não no músculo, mas na alma.

Invicto.

Tanto meu, peito teu e a grande satisfação em saber que eu não usarei nada disso, nada disso pra ir embora quando chegar a hora sem o motivo, que eu já não exijo saber, por saber que nem a ti foi dito, trago minhas dores no cigarro que eu sei que tu não gostas, meus pulmões são intactos, só me resta cuidar do principal.

Neocolonialismo.

Não mastigue alimentos líquidos como sucos com açúcar demais, caldos de cana ou bules de leite. Não as engula, não as rejeite, tente usar sua escova de dente, tente se referir ao sentimento, ao prazer de viver, não ao sexo e ao momentâneo prazer de existir.

11 junho 2011

Pobre coitado.

A notoriedade e o som, a clareira incendeia, expande os olhos, queima a dor, sofre como o albino do verão, atira balas na mente sem autoridade, atinge a flor da existência, se recusa a matar o que incomoda, atira assim, uma rajada de pensamentos acompanhados da solidão, o som não se ouve, apenas pensamentos voando sobre o ar, sem rumo, sem conclusão.

Uma antiga nota.

Procuro-me ao olhar no espelho o borrão do reflexo, busco acalmar-me estando em plena madrugada serena, fria e aterrorizante, e tento não sentir ao máximo a dor do mundo como um luta de quebra-braço, e cuidado eu tomo pra não conhecer mais dores mundanas, porque talvez eu corra riscos, e sofra assim no final, com um braço quebrado ao meio.

Desquitar.

"Os fracos matam o corpo dos seus inimigos, os fortes matam o significado deles dentro de si." - O vendedor de sonhos

09 junho 2011

Pa(á)ra uma grande amizade.

Poucas foram as coisas que eu acreditei durarem pra sempre, talvez nem tenham acabado, mas pelo incrédulo de não ter tanta coragem como antes pra te dizer que estou me sentindo desconfortável nessa situação e precisando de ti, não quer dizer que não estejas aqui, não quer dizer que partistes, só quer dizer que tu não estais mais disposta a me ajudar e isso me faz crer que não existe o que um dia eu acreditei não ter fim.

Solidão se fez por ontem.

Ontem se passou percebível, as horas de hoje contadas em quarenta e poucos dedos, são poucas, nem se contam, não se pode dizer o quanto fui feliz, ou se serei mais ou menos, uma grande confusão, eu sei, mas, todo e qualquer momento serão incompreensíveis, se ao menos não sei que felicidade me espera, se não sei que ao abrir o jornal, em meio a tantas palavras haverá o seu rosto estampado em uma delas, mostrando o estúpido sentido do ontem, com as suas sandálias na minha porta, se hoje eu só vejo o pano "Welcome" sujo e vazio.

05 junho 2011

Sou elefante, sou falante.

Sou amigo dos criados do mundo, sou falante e cantor mudo, não posso voltar o tempo, e essa é a minha única tristeza.

Sem dizer o que pode ser melhor.

Com habilidade suficiente pra sorrir anos sem parar, após todas as canções ouvidas naquele show, naquela noite de 04 de Junho de 2011, um menino sem memória irá se lembrar por tantas gerações uma única noite, ao lado de bons sentimentos, de boas palavras, de boas risadas, de tantas e tantas pessoas a cantarem juntas uma bela canção.

31 maio 2011

Um jeito de ajeitar as coisas.

Estive deitado, sem forças pra me erguer, disposto a fechar os olhos e sumir, o vento entrava suave pela janela, minha pele, meu pés, meus pulsos, todos em sintonia, em extrema tranquilidade, a cortina batia nas paredes paralelas, estava escuro aqui dentro e lá fora, era um clarão, pensei que tu tinhas chegado, estavas jantando com as velas acesas esquecido dos problemas.

30 maio 2011

Resposta.

As evidencias podem analisar essa situação como sendo a minha libertação, mas não se movem estes resultados por aqui, no sentido verdadeiro da situação, eu fiz tudo isso pra que tu pudesses falar que te libertastes de mim, pense bem, agora podemos voar livres, um dos problemas humanos, e a prisão que eles se engalfinham, uns aos outros.

29 maio 2011

Apenas o fim.

Abaixo dos olhos, o clima esfria sem parar, congelo-me sem esforço, em meio a tanta fragilidade, me sinto frio e calculista, nunca fui bom em ser solidário, no entanto, me proponho acordos que eu nem acredito que cumprirei, digo a ela que irei esquecer tudo, deixar o passado esvaziar-se, e ela não me diz nada além do silêncio, só me transmite vergonha.

Sentimento vem da mente.

A respeito desse meu amor, ele logo passa, mesmo eu querendo que ele continue, quem sabe, eu não queria sofrer, mas parece que não tem saída, é impressionante, se eu começar a viver isso eu vou ter problemas contigo, eu já te vejo sofrendo, e logo assim sofrerei, então o melhor é nos entregar pra sorte, mas por favor, segure esse tal coração grande que tu tens e não machuque-o, pois o meu tem uma forte ligação com ele, tanto sentimental.

24 maio 2011

Se foi.

Um último bom dia se foi dito, uma única esperança se contamina, uma única saída se estende, a porta se fecha, e então o possível some no piscar, some no segundo em que a tristeza se esvai e que a montanha da escuridão se expande, foi então que ela se prendeu em si mesma e eu nunca mais a vi.

Retalhos.

A altitude do salto é mortal, a dor se estende e estraçalha a carne, o pudor, a humanidade e a consciência o impedem, o golpe seria fatal, porém, a lucidez se espalha, alastra medo sobre seus poros, suas pupilas secas, suas mãos molhadas, tudo se resume a um momento de coragem, que por poucos se alastra, move um corpo a atirar-se em queda livre, proclamando piedade a uma vida sofrida sem liberdade.

Ponto especial.

Sinto como o poder da felicidade se instala, se aplica e se prepara para jorrar nos sorrisos meus, tenho a posse desse tesouro por algum tempo, e nesse tempo, vejo uma virtude em mim, que em poucos enxergo, não me questiono por quê eu sinto naquele momento, aquela felicidade.

Tradutor.

Escrevo no futuro, coisas que não faço, escrevo no presente, o que sinto em um tal momento, e no passado, todas as dores já acumuladas.

Eu machuco.

Irei manter minhas palavras, escritas sobre a tua carta, as lágrimas só sairão com o excesso de sol, a esplêndida coerência das palavras serão fundamentais quando eu precisar lhe explicar, como se segue a trajetória dessa dor.

Empilhamento.

Vasculhados, foram expostos, trazem serpentinas, nem posso gravar esse momento, estou só vendo muitas pessoas, pessoas ao meu lado, pessoas que se foram, cujo amor não se dissolve, a melhor música toca e eu não sei porque escrevo nessa troca, vi uma farsa e mudo o móvel de lugar.