25 março 2011

A cláusula.

Pontos estão marcados, papéis digitados, ideias sobre algumas mentes, nada feito, tudo em planos, em pensamentos, quando o homem parou de agir e conseguiu isolar-se, ele próprio consegui cravar seu extermínio.

Sete setas.

Por trás de mim, o que se resume a dor, há um pouco que detecta felicidade, e de tão medíocre que ela encarna seu papel, ela o cumpre o ato de julgar tais, creio eu, que amor em abundância causa dor, e consequentemente a dor causa desgosto de viver.

19 março 2011

Adormecer.

Enrolo a toalha sobre o corpo e num instante bato a porta sentindo um sopro leve sobre as costas, percorro a casa deixando rastros líquidos pelo caminho, avisto outra porta, abro-a, avisto outro, abro-a também, vejo um quarto com uma cama cheia de travesseiros, uma janela que se via o céu, alguns quadros e poltronas antigos, um bom lugar para se passar uma tarde úmida e envelhecida com a doentia capacidade que o amor tem de amadurecer os que o praticam.

Agora já é antes.

Não penso ao escrever-te, não penso ao pensar de ti, não consigo sentir o cheiro das amoras, mas de nosso amor eu sinto assim, mesmo do outro lado da cidade com um corte ao meio, sinto como se uma dor intrusa estivesse alojada sobre meu telhado, planejo o passado e vejo a incapacidade do ser humano em matéria invisível que Deus dá somente no agora, o hoje.

Teste-me.

Poderia perder a fala, perder o ritmo da dança que já não me é abundante, perder o sono na madrugada, perder-se de ti que já perdi mesmo, mesmo assim continuo a querer não perder como sempre costumo ter o hábito, quero não perder um livro, mas posso perder um sorriso, perder um gosto de felicidade, mas espero nunca ter que perder a inspiração pra escrever minhas palavras pensadas efêmeramente.

Atirado na terra.

Acho espaço no poço habitado por porcos, acho procuras em lugares onde lágrimas não são interessantes, pretendo ver como será daqui à uns anos, pretendo saber se haverá algo, pretendo ser posto na mudança, pretendo ser levado com alguém, pretendo ser amado, mas isso já não me convém como plano principal, meu primeiro plano é entender o que é isso.

Tortura implícita.

Temo não aproveitar, temo não cumprir deveres, temo não preservar esse corpo efêmero, temo não poder enxugar lágrimas, temo não ser visto, temo não solicitar amparo a um pedido, temo mais ainda não surpreender uma criança, temo não fazer um sorriso surgir, temo morrer sem nada melhorar.

Temo ficar só.

Falar sobre uns títulos um tanto psicóticos, dizer escrúpulos ou ultrapassar a ironia saudável que me compõe, só me faz continuar sendo o mesmo, o mesmo que vibra na felicidade de um carinho e que treme a cada chute levado após o carinho, e isso o trás a capaz ideia de passar a vida só, até o fim.

Pra estar longe.

Cortei minhas relações amorosas, expulsei da minha vida os intensos sentimentos, coloquei-os em posição invisível, transparente pra mim e a pra todos, tomei goles de amor próprio e por um tempo, ando a masturbar minha mente, estudo pra um dia poder ter sorte no jogo, senão morrerei sem nenhum tipo de sorte. 

Pronome possessivo.

Te afasta por tanto tempo, essa tua boca não me agrada na desgraça da distância, tua boca que nem a mim pertence, nem pode se dizer minha e nem de ninguém por muito tempo, não dizem de ti como a posse de homens, não dizem de ti o que de mim falam, pertenço a ela com grande convicção, me ama e me agarra, me laça de vontades, transpiro os olhos pela bela solidão.

17 março 2011

Outras pessoas.

Vejo todas elas, em paradas de ônibus, fazendo sinal, na janela de altos prédios, nos olhares alheios, nos medos de uma previsível chuva, na porta de igreja, em uma cadeira na frente de casa, em um pouco de sentimento e um pouco de decepção do que viveu, todas tentando se desprender do passado o quanto mais rápido.

15 março 2011

Gemidos abafados.

Acabei de chegar do posto, as crianças me olhavam inclinadas na rua, cheguei e bati a porta, fiz como se não conhecesse ninguém, meu ouvidos estavam cheios de água e isso de certa forma, me fez permanecer imune as barbaridades ouvidas pelo caminho, posso dizer que há males que vem para o bem.

13 março 2011

Do que são feitas?

E assim te falarei de vida, te direi que são baseadas em notas musicais, são tomadas elétricas sem fontes de energia, são quadros pintados no escuro da noite, ao luar da grande lua, são feitas de amor, de boas esperanças, de futuros sonhados, de programas de um domingo qualquer, são feitas de retratos, de abraços, de bancos na beira do mar, de bolsos vazios, de corações cheios, cheios de beleza, cheios da mais cara e rara felicidade.

Tomarei lascas de mim.

Arrancarei meus olhos, lhe darei a luz, cortarei meus ouvidos, te cantarei as mais belas músicas, te solicitarei uma boca, e assim quero continuar a te recitar os poemas, continuarei a gritar por paz e protestar o mundo ao redor, continuarei a disputar o direito dos direitos e condenar os injustos, tentarei lhe deixar um mundo, que tenha condições de ser chamado como, tentarei lhe dar uma vida, uma que tenha portas abertas, que as pessoas possam sorrir, que possa ser vivida sem tantas complicações.

Hoje é 1919.

Admiro tudo o que é bonito, um beijo sobre o ar, um abraço de parentes, uma mão sobre os ombros, uma noite de chuva, o calor de uma fogueira, o simples clarear do dia com a simplicidade da natureza, um olhar a longa distância, uma palavra sussurrada, algumas lágrimas frutos de prolongadas risadas, um bom dia bem dito e um para sempre que nunca se acabe.

Batidas de um olhar.

Há insatisfações incompreensíveis, não entendo, mesmo que tenha rido como nunca ontem, ao lado de pessoas boas, não sei como o implícito detalhe de olhar para teu rosto e ver a pura amizade por nós conservada me faz falta, me sinto por um instante qualquer, no meio de um deserto, com o rosto sobre o ar, meus olhos cheios de areia e a incapacidade tomando conta de mim.

11 março 2011

Planos de ontem para daqui adiante.

Para uma felicidade, para um sol de tardes felizes, uns dias de sorrisos que me trouxeram paz, para ela que confiou e chorou em meu ombro, transforme minha saudade em presença, me diz que a amizade voltará a ser a mesma e que a tua voz soará como um doce perfume para minha felicidade raiar, me acalma, suaviza minha alma.

Aperto no peito, tristeza dilacerada.

É revoltante, saber que neste mesmo solo, dividido por uma cultura, pessoas morrem, mas esse não é o principal fato, o fato é que morrem pelo puro individualismo do homem em sucumbir seus interesses, ignorando a conservação do que por Deus nos foi dado, somos considerados filhos ingratos, ovelhas negras, porém, analisemos com inteligência temporária ao menos. Se fôssemos somente filhos insatisfeitos e mau educados que somos. Por quê nos restaria vida ainda nesse mundo? Por quê seriamos presenteados com tanto amor ainda nos dado? crendo ou não, estamos aqui ainda, e esse relato é a prova de que somos amados filhos desnaturados, degradando o nosso presente, o nosso melhor presente, como aqueles em uma noite de natal.

06 março 2011

Saliva espalhada.

O cheiro do mofo, é exatamente a certeza de ter vivido ao lado, o cheiro sobrou, o tempo ficou parado, o corpo, o olho que move o desejo, mas que talvez seja o único movimento desde então, mas não há motivos, se há vidas atrás de nós, precisamos somente nos agarrarmos a uma delas, para não isolarmos as nossas.

05 março 2011

Quando termina.

Aquelas fotos, armazenadas em caixas, na minha memória, todas elas se tornaram passado, com tão pouco tempo passado, e isso me causa uma série de dúvidas, pelas quais eu não sei responder o motivo de tudo se acabar tão rápido, o motivo pelo qual eu não suporto a falta. É difícil aceitar a resposta mais evidente, aquela que julga-me por ser o único responsável pela minha própria dor.

Cronômetro.

Era ela realmente uma criança, que se transformou em uma contagem de poucos números uma mulher, e esqueceu todo o encanto que a tornou assim, porém, amava sua infantilidade, e hoje já não consigo aceitar seu 'amadurecimento', pois tornou-se em tão pouco tempo, um ser abominável, mas ainda assim, sinto por ela a minha garganta arranhada, não é ódio, nem amor, é sentimento sem valor, no entanto foi ela que consegui me tirar um pouco dessa sensação de pulsos cortados.

03 março 2011

Parasitas sugadoros vitáis.

Eles estão aqui ao lado, fazendo barulho, estrondando os ouvidos de ladainhas, e mesmo errados, teimam em por culpa alheia em nós, e o que fazer se nada fizemos, então, temos o dever de aturar as insolentes autoridades impostas, que cercam a consciência nossa, para roubar nos a paz, aquela que vem quando o sonho de sua partida se coloca a navegar.

02 março 2011

Uma quarta-feira de março.

Um som de piano, lento feito o tempo de uma noite de quarta-feira, que se parece com a um domingo de finados, todos recolhidos, sobre o sol da meia noite, sonhando o amanhã, e o sono que acabou de bater na porta, entra sem autorização, invade a coragem de um menino e lhe põe para dormir como sua mãe antes lhe fazia.

Embrião.

Agradeço, pelas cartas atenciosamente lidas, desconsiderando os erros e falhas absurdos que eram feitos por mim, e sempre me avisando alvoroçada que minha falta de atenção me causaria, e mesmo depois de ter me visto no chão, teve a solidariedade de me estender as mãos, limpar meus joelhos e dizer que tudo estava bem, e hoje, ela ainda me diz que eu fui o único motivo pra que ela estivesse presente aqui, nesse mundo ainda, ela me diz que é por um único e indispensável motivo, o amor dela por mim.

Força do hábito.

Pretendo não começar, como se estivesse terminando, com mais uma de minhas decepções, porque eu não vou reler para ver se bonito ficou, para olhar atrás e desdobrar as costelas, não estalarei meus dedos, nem fumarei nenhum cigarro, não me disponibilizarei para saber de interesses particulares, escrevo por e para pessoa nenhuma, sem motivo, às vezes, raramente, necessito de alguma inspiração, mas creio que não seja tanta que tenha em mim, o suficiente para me fazer criar uma história, como sonho meu que frequentemente tenho sonhado, mas não irei parar, porque o motivo, quem me dá, sou eu.

01 março 2011

Exorcismo.

Não coube meu pés na poça de lama, não consegui afogar meu rosto amarelo na água clara, não pude deixar de ver, propositalmente fechei os olhos, mas tudo se parecia insuficiente, então preferi por arrancá-los, mas seria muita dor, e ainda por cima, isso me causaria uma lembrança eterna do dia que eu a vi nos braços de outro alguém.

Lã.

Irei a minha camisa, lhe direi para aconchegar-me nesta noite, fecharei a porta do guarda roupa, e a porta soará como um tufão quando solta, o cachorro late a bastante tempo, sem ouvir nada, late, sem motivo, pelo mesmo motivo que eu estou aqui, nenhum.