21 julho 2011

Ooh La

Me faz perder o controle, as gases, as atmosferas, as histórias de terror, a gravidade, a força gravitacional, a física e a química, a resistência do ar, o complexo metódico da natureza, a falta completa do concreto, a imaginação, a ponta de mar, a porta de Marte, os astros, os astros do universo, os astronautas, as criações, as crianças, voam os balões como baldes indo a Vênus, todas as constelações, toda a beleza, toda a forma de poder se ver, um telescópio, uma lupa, um livro, um planetário, uma estrela no céu ou atrás da cama.

Hei de um dia morar nas nuvens.

Dever de casa, devo fazer, devo morrer um dia, devo pra tanta gente, devo pagar, devo manter o equilíbrio, devo tentar superar, superar a noite de escuridão, superar a crise emocional, superar a dor que latejou a semana toda e lateja lantejoula, meu pé não tem mais suporte, o poste é feito de concreto, de concreto quero me fazer, pra nunca mais me quebrar de novo, de novo espero só da felicidade, de novo o resto não me importa, de novo pode aparecer se for aceitável, aceitável se for bom, de bom a vida não quer mais me dar nada e o nada sou eu que faço, faço triste os olhos da moça, faço dela morena, faço dela meu sonho e logo hei de acordar.

Desencontro.

Coisas de mim são do espelho teu, retrato que a borracha não apaga, tanto desamor, desilusão, gente que não vê o coração, busca pela razão e não acha comoção, gente que não vê mais sentido, gente que caminha por pedido, gente de tanta espécie, tanta cor e tanto erro, gente de boca suja, de palavra contada, gente que agrada, que transforma, que muda e ao normal volta, gente que briga por pouca coisa, gente que não tolera, gente que sofre e chora e também gente que ri agora, fútil é a vida que nos deram, fútil é o que fizemos com ela.

Hoje.

Crianças são feitas pra sofrer e morrer antes de descobrirem os males humanos, adolescentes são educados pra sofrer de amor, traficar e depois de alguns meses suicidar-se, adultos são feitos pra várias formas, alguns matam, outros estupram, alguns tentam ser bons, existem adultos que trabalham outros somente roubam o dinheiro alheio, existem os que desquitam-se do mundo, outros são pessoas amargas e obesas, muitos de nós, perdemos o coração, muitos de nós cometemos pecados diariamente, mas muitos de nós não ligam pra isso, esqueceram de Deus, muitos de nós morremos e fingimos viver, vamos as escolas e aos escritórios, somos zumbis, comemos carne, fedemos, somos porcos dividindo o mesmo chiqueiro, esquecemos nossos antigos valores já mutilados, perdemos a fé e nos perdemos no caminho até aqui.

Tamanha incerteza.

Tanto se foi, tantas palavras sumiram, tantos consolos cessaram, tanto maldizer, tanta gente se calou, tanto peso se perdeu, quantas gotas sofridas secaram, um tanto de mim apagou-se, tudo tão nublado ficou, a nuvem e a neblina pairam o ar, tenho certezas incertas e promessas a cumprir, tenho livros a entregar e um vinil a procurar, tenho que tirar o pé da água que se acumulou depois de tanto choro, tento pisar na pedra rochosa, tento tanto ainda te ter, mas não é possível tanto.

19 julho 2011

Vá colocar-se no buraco escuro.

Estive por perto de ti, precisando que me ajudasse, estive ao teu lado, te olhei e pedi socorro, precisei de ti naquela hora, meu peito tava cortado, meu pulso ameaçava estourar, estive a ponto de matar tudo de bom em mim, estive dentro de uma cápsula por tempos e agora ela veio a estourar, estive esperando que me ajudasse, mas se não foi da tua capacidade, não posso te julgar pela falta de capacidade em ajudar outras pessoas, mas não me faça querer morrer, não irei mais te ouvir, não por raiva ou mesquinhez, isso tudo só é fruto de uma falta de reciprocidade.

Culatra.

Foi-se pro lado de Pompéia, protestar sobre o clamor e o ardor do sol, completamente escuro incomodava-se com a tirania e fingia compreender o incompreensível pois era a maneira mais fácil de se perder em seus pensamentos, era lhe contando uma simples história que um grande alvoroço se reunia, uma pedra no sapato, uma mente sem lembranças, um rapaz sem cronômetro, uma moça sem coração, seus pés corriam e seu peito parava de pulsar.

12 julho 2011

Virar as costas, sorrir e ser feliz.

"Viver uma vida real", nada mais do que "olhar pro sol" feito todo mundo, queimar a pele "em Julho", "sorrir e brincar", "viver e aprender" como dizem, "sorrir na hora feliz e chorar na hora triste", "porque a vida acaba", eu creio que isso seja a mesma coisa do que dizer: "Esqueçamos os problemas, brinquemos com a dor e a perda, façamos de nossas vidas aparentes circos, circos que por baixo fazem fogo pra sobreviver, vamos escravizar as crianças que trabalham no México, nas fábricas de sapato pra sustentarem suas famílias, vamos esquecer das famílias aidéticas da Ásia, vamos esquecer da a vida do bêbado filho da puta que me pede dinheiro todo dia, vamos desprezar o seu passado, vamos lembrar somente de nós e da sorte que tivemos e então sorriremos para as fotos e diremos que o futuro é lindo e que somos seres humanos felizes e amados".

Lógica, somente a falta.

O que poderia eu viver primeiramente de belo e puro já não é mais possível, queria eu sentir a sede de ti novamente, por puro masoquismo, por puro desejo de amar, por medo de correr no escuro e tropeçar, acabar percebendo que ninguém mais à frente pode ficar ao meu lado e que quem esteve ao meu lado não pode voltar, tenho receio de saber odiar, tenho medo de mim em uma oportunidade de talvez me transformar, essas metamorfoses não aconteceriam com tanta intensidade se eu tivesse alguém pra amar.

Borboletas porcas.

A superação converteu-se em história infantil, as palavras rarefeitas foram banalizadas, as melhores pessoas sumiram em meio ao monte de gente, aos restos sobraram a inclusão que exclui a maioria, boas atitudes não merecem mérito, grandes assassinos tornam-se famosos, o governo existe e a miséria também, corpo escultural dura pouco, o que realmente dura é a beleza que nunca se acaba, que quase nunca se permite ver.

Gritar mais alto.

Todas as formas de continuar a caminhas foram impedidas, todas as formas de tentar-se aprender foram retiradas, todas as tentativas de tentar-se amar foram mortas, toda a esperança se fluiu nos rios de suas veias que quase estouravam o peito, todas os cortes não importavam, agora poderiam martelar os dedos daquele homem, tirarem-o o coração, arrancarem fio por fio ou todo o seu couro cabeludo, poderiam lhe pendurar a costa em um gancho e lhe arrastarem por uma estrada inteira, quase sem fim, mas nenhuma forma de grito poderia ser mais alto do que a sua alma.

O que não escolhemos ser.

Ela era calma feito sereno, seu nome era Serena, menina de pouca voz e de poucos pensamentos, nem lhe parecia bonito seu rosto, nem lhe parecia agradável sua altura, nem seu tom de pele, somente seus pés. Ele era confuso, mentido no mundo que lhe ofereceram, com pais separados, frágil logo engatou o pé no buraco de sua base e quando os pais resolviam brigar ele torcia imediatamente o pé. Ela era moça de respeito, nunca lhe fizeram mal, ele era sacrificado pelos anos de pé torcido, ela não via razão em viver e ele procurava alguma, ela um dia o conheceu em cima de um pedaço de terra, ele lhe ofereceu a mão sem muito apoio e ela gentilmente se encarregou de conhecer aquela boa alma e então foram se fundindo, depois de já passado algum tempo ela descobriu que sua alma logo partiria pra outro mundo, já com tamanha impossibilidade de viver e ele porém, ainda não havia desistido de procurar um pé pra viver, então ele lhe doou a alma e aceitou seu par de pés e então completaram-se, da forma que sobreviveram aos enroscos da vida.

10 julho 2011

Camuflagem


Preferi lhe dizer pouco tempo antes de descer, que somos como ônibus, não porque é uma palavra que não se consegue colocar no plural, e acho que riria, mas eu falei-lhe pra ecoar no interno se seu ouvido que somos os ônibus, aqueles as vezes que recebem passageiros, que recebem como forma de gratidão, alguns passageiros são tão estúpidos a ponto de subir pelo lugar por onde se desce, esses causam maiores destruições, e somos todos ônibus em constante movimento, precisamos ver que todas esses passageiros, por mais cuidadosos que sejam um dia podem ir embora, e então tu não podes parar de andar para esperar que esse passageiro volte, há algumas pessoas que só entram em uma linha de ônibus uma vez na vida, um linha que ficou em algumas linhas, escritas em algum lugar.

Milésimos de segundos e um cílio que se desprende ao outro.

Um tanto meu, meu amor feito de trouxas, que eu trouxe comigo, levei ao norte, me pus a deitar naquela cama quente, naquele suor umedecido, mas tudo feito de forma límpida, vim pra cá, trazendo o trago daqueles dias, vim aqui pra passar os dias ruins, esperando a cada tempo uma nova cadeira pra se sentar, fico aqui, por um tempo, esperando descer essa fumaça, esperando esse embalado parar, esperando tudo o que for ferida secar pra retornar a uma nova luta.

07 julho 2011

Lágrimas que voam.

Precisei um tanto de um pedaço de mão, de um pedaço de palavra, um reconforto que eu tanto buscava, pus-me a engolir o soluço, tudo se entupia, olho, nariz e boca, me fiz longe, meus pensamentos não existiam, tornou-se dor física, começou a tufar o peito e pareceu-me estourar aos poucos, pondo apressadamente calma fiz o papel de médico em mim, tentei por vezes tirar todos aqueles beijos que me faziam sofrer, tentei esquecer e partir pro lado em rumo a nova história, mas eu me peguei lendo aquela carta novamente só pra alimentar toda a dor que me tornou viciante depois que foste embora, mas eu ainda tinha tuas palavras escritas em um pedaço de papel.

03 julho 2011

Oh.

Todos nós estamos voltando pra casa nessa noite chuvosa, todos nós na inércia nos movimentando tentando buscar o caminho, procurando o consolo ou o milagre no meio do sangue, todos nós que rimos um dia de Deus em uma piada de bar e pedimos sua ajuda logo após, quando nos encontramos em uma grande enrascada, mas o sol pela manhã ameaça chegar novamente e ao raiar continuaremos na busca do caminho de volta pra casa.