26 fevereiro 2011

Contingência dos fatos.

Não irei a sua casa hoje, desejei esta manhã lhe ver, contei o tempo que passava em meus pulsos como se pudesse controlá-lo, mas conviemos que ele não me fez vontade, mesmo dessa maneira, sentira poderes, sabendo que o chão do seu quarto parado estava, as estrelas que tentamos fazer não se comparavam ao céu, mas improvisamos, eu não imaginava o quão triste poderia ser a sua vida naquele quarto, não imaginava que de lá daquela janela, não se mostravam as estrelas, mas não chores, não penses que este é fim, um dia, quando for rico, te darei uma janela bem alta, uma janela de teto para que possas ver elas a noite, para que possas olhar para as estrelas do céu e saber que todas são tuas e aquelas que ficaram em uma casa antiga, em uma parede azul, que até lá estará sem cor, existiu uma estrela pintada por nós.

Retomando.

Deixo que usem de mim para um pouco de variação, posso não ter sentido, muito menos inteligência, mas agora já se tornara habito, talvez vício, entretanto o escuro se exalta as margens do céu, e como ele, também tenho que suportar, tantos e tantos bichos, com direitos injustos, e eu.

Retilínea.

Não necessito de palavras estrangeiras para me disfarçar de beleza, sem eufemismos e catástrofes, sem escândalos, sem muitas palavras, só sorrisos de vez em quando, quando poder me dizer, nada parece bonito, nem ao menos bonito charmoso, talvez porque ainda me importe com o caráter deles, todos eles, as vezes desconhecidos, mesmo assim me importam, talvez tenha nascido com humanidade mais pra um humano só.

Faltava-me

As chaves que abrem esse baú, são cópias de um plano de uma criança, para quando crescer, ter poder, de fazer o que for divertido, o que for contemplante a sua felicidade, e a seus deveres o desdém, não sei falar, pouco escrever, tenho planos mau estruturados, pessoas que cansaram de me esperar, tenho gostos desfrutados, e mentiras idealizadas, não uso muito do que tenho mais, posso somente viver de ar, o que chamam de oxigênio, não entendo palavras difíceis e canso do abuso, não fumo, nem bebo, não sou contaminado com os vírus, pouco me importa as atualizações de vidas paralelas, preciso saber somente se as pessoas que eu ainda amam estão bem, e se o meu ar, ainda é capaz de fazer-me viver.

Do tamanho da metade da terra.

Deveria ser grato pelo prato, pela comida, pelo garfo e pela faca, pelo orvalho, pelo silêncio das manhãs, pela simpatia dos bons e a gratidão dos humildes, até mesmo sequências de cadernos com cálculos matemáticos, a comodidade, a pele na pele que conforta. E ao mundo que a fora me espera, precisa somente de minha bondade, porque contar doadores de venenos, de carnes podres e de farsas, cansa, poderíamos no final formar uma montanha do tamanho da metade da terra.

18 fevereiro 2011

Um mundo ao meu lado.

Devíamos deixar outrora completamente para outrora, realmente devíamos procurar a resolução das pedras no sapato, que podem não nos incomodar, mas incomodam quem está ao lado, então que façamos o que seja melhor para ambas as partes, pela satisfação dos entrelaçados, retiremos nossos sapatos e então todos andaremos por cima das pedras, até que tornemos elas pó, pura areia.

O calar.

Quando menores, éramos sinceras, brigávamos e discutíamos as perdas e as dores que nos eram dadas, os choros eram intensos e quase infinitos, nos rebelávamos diante de nossos pais ou até mesmo pela falta deles, com o passar dos anos, depois de muitas lágrimas e noites em claro, que se passaram, conseguimos nos acostumar com as separações, todas as crises já não incomodam tanto como antes, os gritos agora sucumbiram e trouxeram a ti uma nova maneira de sofrer, silenciosamente.

Batalhas.

Afirmo diariamente ou somente quando estou só, que a vida é cheia de surpresas, mas disso todos sabem, então dê um propósito para alguém viver, as pessoas precisam de motivações, precisam tanto como oxigênio, e isso servirá de impulso, alguns lutam por natureza e instinto de sobrevivência, outros lutam por poder e dinheiro, outros são mais desanimados e sem nada para almejar, lutam, para apenas lutar, e existem também os que lutam pelo amor, esses sim, esses que sentem a dor pelo espinhaço, pelos joelhos, nas mãos, no pé e no coração, e no bocado que sobra pra doer.

14 fevereiro 2011

Sombra.

Não acabavam as oportunidades para haver encontros, a via todos os dias, em todos as horas e refeições, já se tornara pra mim rotina, enquanto alguns esperavam que ela nunca os visse, eu já cansara de ver seu rosto todos os dias, esperava que acabassem as pistas e que ela partisse logo, sem rastros.

13 fevereiro 2011

Ao ver dele o amor dela.

Não senti vontade de rir, nem de abrir meus braços para aconchegá-la, apreciei somente sua beleza como de costume, preferi olhá-la e matar toda a saudade, mas nada disso havia de ter tanta importância, porém não conseguia desvalorizá-la, mesmo que ela tenha criado novos defeitos e parado tanto de sorrir, ela continuava a mesma aos meus olhos.

Sobre feridas.

Horas gastas, sofridas e amarguradas pelo pretérito imperfeito, aconchegadas de baixo do tempo, voltam a pulsar novamente, e ele acaba por descobrir que nada havia sido resolvido e ninguém havia lhe tirado tal sentimento, pois esse lhe fora cravado fora de possibilidades clínicas, então esperando assim o que Deus lhe prepara.

12 fevereiro 2011

O vestido preto.

Naquela multidão de alvoroços humanos, ela se encontrava só, mesmo com muitas pernas e mãos, nenhuma se movia para ajudá-la, então sentia-se esquecida, não como em filmes de comédia, mas sim, totalmente sozinha sem alegria, pensava em um modo de se livrar de sua própria escuridão, resolveu por fim vestir-se e esquecer que tinha neurônios a preservar.

11 fevereiro 2011

Pré fim.

A garganta seca e quente, evaporou a saliva jovem, porque o dia está para acabar e eu ainda sinto ele presente, fazendo-me feliz e mesmo que no final dele algum fôlego se atrase, descobri com os dias passados similares a este que não deve-se levar em consideração um fôlego falho, mas uma série de respirações saudáveis.

Uma não qualquer.

Por vezes incontáveis rolei barras de milhões de janelas a procura de um sinal, virei memórias externas e internas para encontrar fotos, procurei provas em papéis, em mais de outras camisas procurava cheiros ou marcas, prostrado então, coloquei-me a ver os restos que haviam sobrado somente em mim, agora transportados em palavras, na mente lembrado e no coração devorado a cada pulsar.

1um.

Palmas podem ser mais verdadeiras quando dadas sozinhas, aliás, outros acham que palmas devem ser tais como coretos de natal, mas sozinhas são mais reais e verdadeiras, porém, nossa sociedade exige ainda beleza como fator indispensável, então iremos continuar a bater nossas palmas de forma coletiva, assim parecerá bem mais aceitável.

04 fevereiro 2011

A horta às 16 horas.

Vegetais brilhavam e reluziam o poder do sol, esbanjavam seus imensos e robustos seios de alface, deslumbravam os olhos de quem viam a intensidade avermelhada do tomate e a laranja mesmo com todas suas espinhas, mostrava-se confiante e viva tanto quanto as outras com pele de pêssego, sorriam a toda hora as pimentinhas e então todos esqueciam que em meio a tanta felicidade no povoado da horta, um dia eles iriam partir, primeiro para longe depois ao meio.

02 fevereiro 2011

Ninguém sabe obstuir.

Continuando a minha existência, ponho-me em lugar justo e apropriado, julgo os injustos e culpo o culpados, por não darem suas contribuições, mas quem nos dera o poder da acusação, temos livre movimento sobre nossas atitudes, mas isso não justifica que podemos usá-las, não nos dá direitos superiores e por fatos verídicos, vemos que de forma aparente, a educação, a inteligência, a racionalidade e a integridade do homem sucumbiram-se nele próprio.

O motivo e a recompensa.

De repente estico-me e logo deito minhas costas sobre a cama, respiro profundo e forte, enquanto o vendo entra sobre minha camisa velha, o vento que vem trazendo o som através da janela, ouço a música que toca no rádio bem longe daqui, do outro lado da rua, e é lá também que está aquele senhor que sempre mostra seu estado mal-humorado, um semblante medonho e desgastado, e eu suponho que passa boa parte dos seus dias observando o que a vida lhe fez passar, o que a vida lhe fez trouxe, o que lhe tirou e com o olhar longe dele o meu bate e reflete nas mais inimagináveis possibilidades, e fico logo eu à pensar que ele se pergunta: "E esse é o fim?".

Vergangenheit.

Poucos corpos se quebraram de prazer desde lá, o sorriso foi comprado, a esperança brutalmente estuprada, os sonhos como frutos de tempo amadurecido partiram-se em pouco tempo por uma grande faca afiada, o desejo continuou vivo, conseguiu sobreviver com muitos ferimentos, porque escondeu-se no mais profundo armazém de um deles, mas suas feridas fizeram que se proliferasse o podre e assim se estragou, deixando apenas o vestígio que o tempo tomou conta de desfazer.
(Passado em Alemão)

No tédio do sorriso.

Ser de novo, para poder ser um ser, nascer de novo, para chorar sem intenção, comer de novo, para dormir sem solidão, acordar de novo, por obrigação, que até se sente falta por não ter razão.

Na medida da borda.

Gostaria esperançosamente de mudar com os números, a cada segundo, mesmo sendo inconstante, assim preferia mudar com uma excessão, quando me sentisse mal, quando me apertasse o coração e batesse uma sede, quando me fosse melhor transmitir outras energias, quando me fosse altamente e restritamente necessário mudar para continuar vivo.

Essa raridade.

Onde esteve minha coragem por todos esses anos? Não posso me responder, nunca à vi, nunca pude tocá-la, e esse que é o mais difícil, nunca consegui sentí-la, não pode ser que todos falem tanto dela, me mostrem fotos, publiquem atos heróicos nos jornais, ouvi tanto sobre, vejo que é famosa realmente, mas quem sabe um dia, eu ainda não à encontre por aí, talvez eu esbarre com ela, e ela me dê um autografo.